Aprender um idioma é muito mais fácil do que parece!

Quanto tempo de estudo preciso para ficar fluente? Quantos meses ou anos? Pagar um curso ou professor particular? Só fica fluente se morar mais de um ano no país que fala o idioma? É impossível aprender sozinho? etc etc etc.

São inúmeros questionamentos, dúvidas e idéias generalizadas que bloqueiam qualquer um de aprender seja um idioma ou qualquer outra coisa que desejar, um pouco mais de atenção e investigação encontramos os causadores que podemos resumir em dois perfis. O primeiro é o que costumo chamar de Especialistas e há muitos deles por ai e Você deve conhecer muitos e o segundo é o Oportunista.

Especialistas não do jeito que está pensando, emprego a ironia sobre a palavra, são aqueles que aparecem repletos de argumentos e idéias sobre determinado assunto que não tem experiência ou conhecimento algum. No aprendizado de idiomas que é o nosso tema aqui, são aqueles que aparecem dizendo que é muito difícil, tem que pagar uma escola de idiomas cara e mesmo assim só vai aprender se for para o país e morar muito tempo lá sem contato com a sua língua nativa, porém, quando se pergunta quantos idiomas o Especialista sabe, os argumentos cedem espaços para uma série de desculpas e motivos pelos quais fala apenas o idioma nativo.

Tomem muito cuidado com os “Especialistas” que tem uma capacidade de desmotivar qualquer um e na maioria das vezes sem se dar conta do prejuízo que está causando.

Agora partimos para quem já tem conhecimento e experiências de verdade e sem ironia, sim, para atingir esse perfil é necessário ter considerável experiência e conhecimento no mundo de Idiomas, não precisamente um especialista. O Oportunista é aquele professor de um determinado idioma, dono de uma escola de idiomas, resumindo em poucas palavras uma pessoa ou empresa que ganha dinheiro com o ensino de idiomas. O termo Oportunista pode gerar até certo debate com eles, mas calma! Não é um ataque nem critica, por falta de termo melhor escolhi esse que se ajusta com a reflexão que proponho aqui, poderia ser Empreendedor mas não teria o mesmo sentido.

Neste perfil de Oportunista, sua fonte de renda e trabalho é o público em potencial de pessoas que precisam ou querem aprender um novo idioma, com o “voo” (termo “avanço” é ultrapassado) da globalização, redes sociais e tecnologia o fluxo de pessoas viajando a passeio, intercambio, estudos, trabalho e até mesmo para morar, entre países é muito forte e alto e a cada dia mais e mais aumentam o número de pessoas com dupla nacionalidade. O que gera uma necessidade de estudar o idioma do país que descende, de destino ou requisitado pelo trabalho ou estudo.

Agora espero que entendam o polêmico termo “Oportunista”. No mundo de aprendizagem de idiomas as duas perguntas casadas mais feitas: Quanto tempo preciso estudar para aprender um novo idioma? Qual o melhor curso ou método?

Antecipando a raiz desse artigo uma reflexão: Como você aprendeu o seu idioma nativo? Qual método seus pais utilizaram e quanto tempo levou?

Certo! Seguimos com a novela, sim, vejamos o que dizem Especialistas de Universidades, Escolas de Idiomas, etc.

Ao dirigir-se a uma Escola de Idiomas ou até mesmo fazer uma cotação de intercâmbio com uma escola ou universidade no país de origem, o discurso de venda é baseado em uma simples matemática. Em média usam como base (mais a frente digo porque) 800 horas de estudos para se tornar fluente no idioma, sendo assim, os pacotes, apostilas e programas de estudos foram planejados de “N” formas pelas escolas de idiomas que definem seus programas de acordo com a perspectiva de “lucro” afinal elas dependem disso para se manter.

A matemática funciona deste modo: o aluno, aqui, vamos chama-lo de Joãozinho (sempre sobra pra ele hehe) enfim, matriculado em um curso regular de duas aulas semanais de 1 hora na terça-feira e 1 hora na quinta-feira para Joãozinho é excelente pois a escola fica no caminho do trabalho para a faculdade e ele consegue chegar a tempo para um lanchinho antes de começar as aulas na faculdade.

Estudos tradicionais apontam que para uma escola levar um aluno até o nível avançado é preciso ter um programa de ensino completo de 800 horas. Voltando ao Joãozinho ele se formou na faculdade e já assistiu todas as aulas da Escola de Idiomas sem faltar passando por todos os níveis de Apostila e em cinco anos de estudos não atingiu fluência. Vamos as contas:

2 horas de estudos semanais, 8 horas mensais, 96 horas anuais, 480 horas de estudos nesses 5 anos, o que será que aconteceu?.

Antes vamos entender como (oficialmente) se calcula o aprendizado de idiomas.

Common European Framework of Reference for Languages (CEFR)

O Quadro Comum Europeu de Referência para as Línguas é um padrão europeu, utilizado também em outros países, que serve para medir o nível de compreensão e expressão oral e escrita numa determinada língua.

Todo o continente europeu é dividido em diversos países com uma variedade de culturas, credos, características politicas, econômicas e idiomas que em 1993, 28 deles uniram-se para formar um Bloco Econômico denominado “União Européia“. Com o proposito de viabilizar a globalização de vidas e negócios, foram realizados diversos tratados e acordos para livre comércio, circulação de pessoas e inclusive intensas pesquisas e estudos com proposito de modernizar as redes de ensino e trazer soluções para uma sociedade multicultural com uso de mais de um idioma.

Ao todo a União Européia possui 24 Idiomas Oficiais, dentre eles: alemão, búlgaro, checo, croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol, estônio, finlandês, francês, grego, húngaro, inglês, irlandês, italiano, letão, lituano, maltês, neerlandês, polaco, português, romeno e sueco, além de outros 60 idiomas regionais minoritários falados ao todo por cerca de 40 milhões de habitantes. O inglês foi adotado como a língua dos negócios e ensinado nas escolas da maioria dos países membros como um segundo idioma, contudo, o alemão e francês vem em seguida e são os idiomas mais importantes e usados na União Europeia no meio diplomático, acadêmico e comercial.

Todo esse histórico e informações são importantes para uma compreensão abrangente do universo de aprendizagem de idiomas, vale aprofundar um pouco mais depois de terminar este artigo.

A comunicação era um grande desafio para garantir o sucesso desses acordos, o CEFR é o resultado de um trabalho iniciado em 1991 por iniciativa do Governo Federal Suíço que esteve inspirado em trabalhos prévios realizados por particulares e instituições desde 1971. O documento final foi elaborado pelo Conselho da Europa e apresentado em 2001 durante a celebração do Ano Europeu das Línguas.

É uma forma de descrever quão bem você fala e entende uma língua estrangeira, que divide o conhecimento dos alunos em três categorias, cada uma com duas subdivisões:

Atente-se a quantidade de horas necessárias.

A1 – Iniciante: equivale a 90-100h de estudo

É capaz de compreender e usar expressões familiares e cotidianas, assim como enunciados muito simples, que visam satisfazer necessidades concretas. Pode apresentar-se e apresentar outros e é capaz de fazer perguntas e dar respostas sobre aspectos pessoais como, por exemplo, o local onde vive, as pessoas que conhece e as coisas que tem. Pode comunicar de modo simples, se o interlocutor falar lenta e distintamente e se mostrar cooperante.

A2 – Básico: equivale a 180-200h de estudo

É capaz de compreender frases isoladas e expressões frequentes relacionadas com áreas de prioridade imediata (p. ex.: informações pessoais e familiares simples, compras, meio circundante). É capaz de comunicar em tarefas simples e em rotinas que exigem apenas uma troca de informação simples e direta sobre assuntos que lhe são familiares e habituais. Pode descrever de modo simples a sua formação, o meio circundante e, ainda, referir assuntos relacionados com necessidades imediatas.

B1 – Intermediário: equivale a 350-400h de estudo

É capaz de compreender as questões principais, quando é usada uma linguagem clara e estandardizada e os assuntos lhe são familiares (temas abordados no trabalho, na escola e nos momentos de lazer, etc.). É capaz de lidar com a maioria das situações encontradas na região onde se fala a língua-alvo. É capaz de produzir um discurso simples e coerente sobre assuntos que lhe são familiares ou de interesse pessoal. Pode descrever experiências e eventos, sonhos, esperanças e ambições, bem como expor brevemente razões e justificações para uma opinião ou um projeto.

B2 – Usuário Independente: equivale a 500-600h de estudo

É capaz de compreender as ideias principais em textos complexos sobre assuntos concretos e abstratos, incluindo discussões técnicas na sua área de especialidade. É capaz de comunicar com certo grau de espontaneidade com falantes nativos, sem que haja tensão de parte a parte. É capaz de exprimir-se de modo claro e pormenorizado sobre uma grande variedade de temas e explicar um ponto de vista sobre um tema da atualidade, expondo as vantagens e os inconvenientes de várias possibilidades.

C1 – Proficiência operativa eficaz: equivale a 700-800h de estudo

É capaz de compreender um vasto número de textos longos e exigentes, reconhecendo os seus significados implícitos. É capaz de se exprimir de forma fluente e espontânea sem precisar procurar muito as palavras. É capaz de usar a língua de modo flexível e eficaz para fins sociais, acadêmicos e profissionais. Pode exprimir-se sobre temas complexos, de forma clara e bem estruturada, manifestando o domínio de mecanismos de organização, de articulação e de coesão do discurso.

C2 – Domínio Pleno: equivale a 1000-2000h de estudo

É capaz de compreender, sem esforço, praticamente tudo o que ouve ou lê. É capaz de resumir as informações recolhidas em diversas fontes orais e escritas, reconstruindo argumentos e fatos de um modo coerente. É capaz de se exprimir espontaneamente, de modo fluente e com exatidão, sendo capaz de distinguir finas variações de significado em situações complexas.

Para saber mais sobre o Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas: veja a Publicação Oficial traduzida em Português pelo Ministério da Educação de Portugal.

O CEFR é o mais popular método de quantificação da proficiência em um idioma, as nomenclaturas A1, A2, B1, B2, C1 e C2 são utilizadas nos materiais didáticos e no Currículo para que as empresas possam saber o domínio do idioma do candidato.

Viram as quantidades de horas sinalizadas para cada nível? Será que realmente são necessárias 800 horas para atingir um nível considerável de proficiência num idioma?

Bom, como diz o próprio titulo do CEFR, é apenas uma referência. Tanto que para obter um certificado de proficiência não são exigidos 800 horas de curso e sim o resultado de um teste escrito e oral.

Então, que “diacho” (hehe) o Joãozinho fez de errado para não conseguir em 5 anos pagando uma das melhores escolas de idiomas? E porque o dono da escola foi enquadrado no perfil dos Oportunistas? E em qual eu, que aqui escrevo me enquadro?

Como esse texto ficou grande demais para uma página clique abaixo e vamos ver como é fácil aprender um idioma na segunda parte.

Afinal de contas, quantas horas de estudo pra ser fluente? [2ª PARTE SERÁ PUBLICADA EM ALGUMAS HORAS].

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